13 de mai. de 2012

Artigo: O DILEMA DAS NOTAS BAIXAS – REFLEXÃO SOBRE OS CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DE LÍNGUA INGLESA

O trimestre escolar (ou bimestre, conforme o caso) chega ao fim e a pressão por decodificar cada aluno em uma nota é básica. E maior ainda é a pressão dos gestores da Escola para que o professor não dê notas baixas aos alunos. 

O dilema é: como atribuir nota a cada aluno individualmente, se muitas vezes o professor tem mais de 500 alunos em apenas uma das escolas da área urbana na qual leciona? Como lembrar de cada um dos alunos e ser justo nessa hora?

E como não dar nota baixa àqueles alunos que não atendem as nossas expectativas, que não entregaram os trabalhos, que tem os cadernos incompletos, que faltam muitas vezes e que admitimos nem conhecer direito? Ou são alunos que se negam em participar das aulas, batem a porta em retirada, espelhando no mundo exterior a revolta e o conflito que têm no interior?  Ou àqueles alunos especiais, que mal rascunham alguma coisa em seus cadernos? Ou aos outros que não conseguem dar devolutiva do que aprenderam nem por escrito, nem por meio da fala?  

Mas, porque a neurose de não dar nota baixa assola as escolas? O que a nota baixa do aluno pode significar? Nos tempos atuais, nos quais os alunos parecem aprender cada vez menos, o professor não tem mais o direito de dar notas baixas aos alunos?

Na verdade, a nota baixa dos alunos também pode espelhar o outro lado da moeda do processo ensino-aprendizagem, ou seja, o  de um professor que não ensinou, que o  problema pode ser de ¨ensinagem¨...

A questão da avaliação e dos critérios para fazê-la merece ser analisada com mais detalhes:

- Quais são os critérios de avaliação do professor de inglês? o que é levando em consideração para atribuir notas aos alunos?

Anterior aos trabalhos e provas, devem ser observados e ter pontuação atribuída:
- os cadernos dos alunos
- a participação em sala (nas brincadeiras, nos jogos, nas dinâmicas, nos diálogos, nas atividades)
- os materiais que são trazidos para as aulas ou não (caderno, livro didático, materiais de pesquisa para trabalhos, etc.)
- as tarefas feitas em casa e em aula
- a disciplina, a prática de valores humanos com os colegas (respeito, solidariedade, colaboração, amizade, zelo, etc.)
- o interesse e a motivação em aprender

A produção e compreensão oral dos alunos, habilidade importante na Abordagem Comunicativa, é levada em conta na hora da avaliação? Consta dos critérios? Sugestão:
- produção oral (repetição das palavras ensinadas ou dos diálogos em aula,  apresentação de trabalhos, prática de estruturas e diálogos)
- leitura (planejamento, amostragem de alguns alunos por aula ou feita em forma de jogo)
- audição de músicas, vídeos, diálogos e textos em áudio (checagem de compreensão)

E nem falamos ainda em trabalhos nem em provas ou atividades formais, que também devem ser incluídos nos critérios de avaliação, é claro. Do tipo:
- atividade em sala de aula, tirada do livro ou não, que valha nota
- prova ou teste escrito
- trabalho de pesquisa individual, em duplas ou em equipes (escrito e apresentação)
- projetos de pesquisa (processo de elaboração, apresentação final)

Com os alunos, é importante negociar os prazos de entrega de trabalhos e projetos, bem como sua valoração, a fim de ser o mais justo possível com aqueles que cumpriram com os combinados conforme o esperado, sem necessariamente excluir aqueles que se atrasaram. O  importante é não perder de vista que, mais do que ensinar os conteúdos de sua matéria, o professor ensina atitudes e valores para a vida, cobra limites e faz o exercício da autonomia, da responsabilidade, da interação social, imprescindíveis amanhã  para seus alunos quando estiverem no mundo do trabalho.

Penso que nenhum aluno deveria merecer tirar notas baixas, pois, se o professor usa diferentes critérios para avaliar seus alunos, não apenas o desempenho em provas e testes, já parte de várias notas para lhe dar, não parte do nada.

Sou da opinião de que todos os nossos alunos deveriam partir do dez, da nota máxima, a cada trimestre e fazer por merecê-la ou não até seu fim, na medida em que atendessem aos critérios da avaliação que negociamos com eles.

Minha intenção com este artigo foi deixar umas pulgas nas orelhas do professor de inglês com relação ao tema avaliação, foi provocar inquietação. Se foi o seu caso, leitor, cumpri meu papel.

Autora: Silvana Pohl é professora de inglês, supervisora de Línguas Estrangeiras da Secretaria Mun. Educação de Joinville.  

2 comentários:

Joseane Corrêa disse...

Adorei o texto. Vou sentir sua falta imensamente depois que vc sair pra sua merecida aposentadoria. O que será de nós, pobres teachers sem vc?

super Silvana disse...

Nem fale do assunto. Vou morrer de saudades de vocês qdo me aposentar... Mas, quem sabe deixo vaga pra alguém + criativo, capaz e dinâmico do q eu. Vão até agradecer as mudanças...kkk bjs